Por Juliana Barone (professora de Língua Inglesa – Ensino Fundamental II)

 

Mudar nunca é muito simples.

Se você olhar bem, lá no fundo de si mesmo, tem sempre um friozinho na barriga, uma ansiedade, o medo daquilo que não conhecemos.

E eu, Juliana, não fujo a essa regra.

A novidade também me deixa um pouco ansiosa.

E é aí que começa a minha história.

Um belo dia nasceu 2019 e eu me despedi da autonomia da vida sem filhos.

Veja, Setembro chegou, e, com ele, chegou João.

Um carinha de poucos centímetros, que eu encontrei vez ou outra através da tela de um exame, estava agora ali no meu colo, pronto para conhecer o mundo.

E pronto para que eu o conhecesse.

Como se não bastasse, João trouxe – além de troca de fraldas, perda de sono, e muito amor – uma nova visão sobre o mundo.

Uma nova visão que resultou no anseio de encontrar um lugar que me representasse profissionalmente.

Então, tão logo me vi mãe, também me vi como uma nova professora no Colégio São Luís.

Foram muitas novidades.

Um misto de vontade de pertencer ao temor de não saber exatamente como fazê-lo.

Entre todos esses sentimentos, e no momento da vida em que me vi mais dedicada e imersa na minha própria realidade e rotina, tão diferentes do que eu era habituada, eu, ingênua, pensei que não havia mais reviravoltas em meu caminho. Ou no caminho do mundo.

Eis que alguém ouviu, quando disseram aquela famosa frase “parem o mundo que eu quero descer”.

E o mundo parou.

Bem quando eu não queria descer.

A pandemia, que no início de sua divulgação, parecia algo distante e incerto, foi tomando contornos cada vez mais concretos no nosso cotidiano.

De “evitem aglomerações” passamos para “fiquem em casa” em algumas semanas, e, com isso, a maternidade e o trabalho se encontraram no mesmo lugar, somados ao desafio de transmitir um propósito aos alunos através de uma tela. Sem o calor da presença física, do aconchego de um gesto, de um abraço.

Me lembro de me sentar em frente ao computador no primeiro dia de Home office e pensar: meu Deus, como será que farei isso acontecer?

E foi aí que eu o ouvi, Deus, dizendo que era hora de esquecer o singular. Eu não faria nada acontecer: nós faríamos.

Porque se tem uma coisa que a pandemia veio ensinar é que a vida é plural!

Eu, João, os alunos, nosso time de professores, e, finalmente, Deus, todos juntos, faríamos acontecer.

Nunca foi tão claro como uma atitude de um pode impactar o todo. Nunca foi tão claro como precisamos da fé no nosso Pai e em nós mesmos como humanidade para sairmos dessa situação.

Percebi, assim, que a ansiedade sobre o novo, sobre aquilo que não conheço, deu lugar a uma certeza inexorável de que o desconhecido também será iluminado.

Porque nós vivemos o bem, e o bem é um fruto de Deus, nosso Pai.