Muito desenvolvimento em novas competências
Por Luciana Alde (Diretora de Desenvolvimento Institucional do CSL e mãe de alunos)
Das sete competências gerais do Colégio São Luís, durante esse período de isolamento, estou atenta, por paixão e por profissão, em acompanhar o quanto os educadores – entre si, e entre os seus alunos – estão alavancando três delas: colaborativa, cultura digital e comunicativa.
A competência colaborativa pode ser observada a partir de ações espontâneas por parte de educadores, estudantes e famílias, pois se tem buscado melhorar a situação que estamos vivendo por conta da pandemia.
Na nova situação, a escola é feita em família e em casa. Estamos criando um ambiente muito fértil para a aprendizagem e reconhecendo que precisamos aprender novas habilidades com mais significado, disciplina, responsabilização, gestão de rotina e espaços, revisão de prioridades e muito mais diálogo.
A cultura digital, conceituada de diferentes formas, é descrita pelo Colégio de maneira simples: apropriar-se das tecnologias digitais de informação e comunicação e mobilizá-las eticamente para acessar, tratar, disseminar informações, produzir conhecimentos, interagir socialmente e tomar decisões no cotidiano, procurando ler o mundo e suas transformações. Estamos todos imersos nessa cultura, que passa a ser reconhecida como fundamental até pelos mais resistentes. Além da vivência como consumidores da tecnologia, tivemos que compreendê-la, nos apropriar rapidamente para sobreviver, e até empreender nela. Observando alunos do Ensino Fundamental II, tem sido possível entender como ensinam gameficação aos seus pares e como essa troca passa pela maneira como experienciam e investigam a tecnologia envolvida no processo, como pontuação, engajamento social, ranking e reconhecimento. Além disso, tem-se percebido maturidade dos estudantes ao lidar com a questão da ética e da etiqueta digital, bem como as escolhas de dispositivos eletrônicos para seguirem se relacionando e se cuidando coletivamente, ainda que privados do contato presencial.
A competência comunicativa está sendo desenvolvida por estarmos praticando com mais vigor a escuta. Tal competência só pode ser desenvolvida se formos bons ouvintes. Durante as aulas presencias, é comum os estudantes falarem todos ao mesmo tempo. Já nas interações on-line, o caos que isso gera condiciona todos a mudarem seu comportamento. Nas reuniões de adultos, é necessário aguardar a oportunidade da sua vez de falar pela nova dinâmica de uma reunião on-line. Todos nós, em alguma medida, estamos mais dispostos a ter uma escuta mais empática, aquela que você se reconhece no outro e cria uma conexão emocional. “Você costuma escutar o que quer ou escuta o que o outro está dizendo?”. Uma criança pede a atenção pela escuta. Os adultos também.
“Se o propósito da Educação é capacitar todas as crianças e jovens para que se tornem cidadãos globais, devemos elevar o nível de nossas aspirações sobre o que significa educar bem”, palavras de Fernando Reimers, diretor do programa de políticas de Educação de Harvard, durante o Congresso da RJE realizado no Colégio São Luís, em 2019.
Assim, desenvolver os estudantes para as novas fronteiras, para os novos trabalhos, para os novos empregos e projetos que nós, adultos, não sabemos quais serão, pode ser uma oportunidade de envolvimento com todas essas possibilidades, por eles e com eles.
Sou uma profissional de desenvolvimento humano e estou imersa e disposta com a intensidade que essa pandemia nos impõe, a viver o desafio de entender e envolver pessoas a se conectar, por crer que estamos juntos, com toda a comunidade escolar, integrados, firmes e responsáveis, com nós mesmos, com os nossos e com o meio.
Estamos todos aprendendo e o CSL, como organização, também.
Imagem: Fabio Woody