Por Camila Toniolo (professora de Língua Inglesa – Ensino Fundamental II)

 

Quando nasci minha mãe era proprietária de uma escolinha. Tão logo comecei a andar e falar, me reconheci como filha e aluna. Ansiosa por ler e escrever, “invadia” o outro turno para ver mais aulas. Aprender logo. Repreendida por minha mãe, disfarçava caminhando em silêncio pela escola até a hora do lanche.

Aos seis anos de idade, iniciei minha jornada no Fundamental. E aquele portão cinza chumbo revelou um colégio muito maior, e infinitas possibilidades que brilhavam no meu olhar. Lembro-me do uniforme, dos penteados, novos amigos. E também de muitas falas dos meus professores. Ainda posso ouvir o tom das vozes. As músicas preenchendo a capela nas aulas de religião.

Passou tão rápido. Quando dei por mim, finalizava o Ensino Médio. Não foi fácil dizer adeus, afinal, pela primeira vez rumaria ao desconhecido. Nada me parecia tão confortante e familiar quanto me abrigar naquele prédio onde moravam meus sonhos.

Feliz e receosa, comecei imediatamente o curso de Letras e tão logo a primeira oportunidade surgiu, voltei para a escola! Um grande alívio voltar ao porto seguro.

Vinte anos se passaram quando cheguei ao imponente prédio da Haddock Lobo. Ainda carregando sonhos, mas com muito mais bagagem na mochila. E meu coração sorria ao ouvir sobre o prédio novo e imaginar tudo o que eu viveria lá. A chegada de 2020 prometia, e com objetivos traçados e muita motivação, abraçamos a chegada do novo ano.

Pausa… Um susto! Fiquem em casa e levem seus instrumentos de trabalho. Sentido o impacto das emoções dos dias que antecederam a paralisação, fui para casa rapidamente buscando segurança e preocupada com os meus. Era tudo tão confuso e desconhecido.

Abri o computador, liguei o celular, arrumei cadernos e livros. Com a lista de alunos em mãos, era hora de gravar.

Luz, câmera, … solidão!

Me recolhi nas memórias por uns minutos para tomar fôlego, pois tinha de agir! Não era o momento de me abalar. Defendi-me do sentimento de receio e fui em frente ainda que desajeitada e um pouco desconfortável com a novidade.

Vieram as aulas on-line. Que alívio ver meus alunos. Um sorriso, um “good morning” entusiasmado. Ah… quanta luz!

E, assim, novos dias e novos olhares foram acontecendo sem que pudesse enumerá-los. Já não me sentia só.

Ainda que o barulho seja outro, os abraços virtuais, as cartinhas mensagens no Teams, o que me faz feliz eu tinha trazido comigo.

Eu queria a vida.

E a vida da escola somos nós. Alunos, professores, funcionários… juntos e misturados. SOMOS NÓS!

E sinto os abraços nas vozes dos nossos coordenadores quando nos perguntam como estamos. Sinto o conforto em cada palavra de apoio. Recebo o amor da participação entusiasmada dos alunos. Vejo o amor e a amizade ao me reunir com os colegas de equipe.

Sei que estou exatamente onde devia estar.

Estou no Colégio São Luís.