Por Geise Alessandra Rampazo Santos (professora do Pré II – Educação Infantil)

 

no início das aulas online, (re)pensei em como poderíamos vivenciar um momento totalmente novo, no qual precisávamos dar continuidade aos objetivos previstos, proporcionar atividades lúdicas e desafiadoras, engajar nossas crianças a realizar as propostas, buscar resultados positivos e ainda promover uma avaliação da aprendizagem dos alunos.

Penso que todo professor tem um desafio a cada momento em sua profissão, mas o que pensar de uma proposta jamais imaginada? Por onde e como começar? Quais estratégias usar com crianças tão pequenas? Realizar edição de vídeos? Criação de murais virtuais, e-books, roteiros interdisciplinares?

E ainda tinha toda uma vida pessoal com casa, marido e filhos bebês! Minha rotina se intensificou, pois durante o dia, alternava meus horários para responder aos atendimentos do aplicativo para os pais, ver as inúmeras mensagens dos grupos de trabalho e respondê-las, enviar e-mails e cuidar dos meus filhos. Quando meu marido chegava do trabalho, ele, muito parceiro, ficava com as crianças para que eu preparasse algo para comermos e minha jornada tripla começava. Sim, pois durante a noite, com silêncio e foco, eu planejava as atividades do roteiro, preparava os materiais necessários para as rodas de conversa com os alunos e, altas horas, encaminhava para meus coordenadores, sempre me redimindo pelo horário. Contudo, sempre desempenhando meu trabalho com amor, dedicação e responsabilidade. Confesso que me (re)inventei e sou grata!

Com muitas trocas de vivências entre as professoras de série, reuniões com coordenação e toda a equipe pedagógica, buscamos metodologias diferenciadas para inovar as aulas e nos sentirmos mais confiantes.

Quando nos deparamos com a ideia de aulas presenciais por meio das rodas de conversa, achei que ia enlouquecer, pois entraríamos nas casas das crianças e elas nas nossas. Vejam que curioso! Vimos muitas regras serem transformadas para que pudéssemos, de certa forma, em meio a todo distanciamento, buscar uma maneira de nos acolher!

E posso dizer que todos os encontros realizados até agora, além de aquecerem nossos corações, nos proporcionaram um contato direto e ampliação de vínculos com as crianças e os familiares.

Podemos trocar informações e sanar algumas dúvidas sobre as atividades propostas, dar dicas de como os pais poderiam auxiliar os filhos na realização de escritas espontâneas, trabalhar o aspecto socioemocional com os alunos nesse tempo de pandemia, elevando a autoestima e verbalizando sentimentos, além, é claro, de verificar se os objetivos estão sendo alcançados.

As dificuldades presenciadas em aulas on-line são muito parecidas com as que vivenciamos em uma sala de aula presencial, pois temos alunos com características específicas.

Vemos que muitas crianças acabam se desmotivando devido à atual circunstância gerada pela pandemia (o isolamento social). Vivenciamos as dificuldades e angústias dos pais, preocupados com o desenvolvimento acadêmico dos filhos e, por esse motivo, realizamos alguns atendimentos individuais com familiares e reforçamos a importância de manterem uma rotina de estudos em casa, com um local apropriado para a realização das propostas.

Outro grande desafio encontrado é conciliar a participação dos discentes nas rodas e estimulá-los oralmente. Planejamos atividades lúdicas, que possibilitam o envolvimento entre os participantes presentes, e que depois, possam ser replicadas em família.

E, em meio a tudo isso, eu e minha família ainda fomos contaminados por esse vírus. Foram dias muito difíceis, extremo cansaço, perda de paladar e olfato, muita tosse e isolamento maior. Eu pensava em como iria trabalhar sem preocupar as famílias que se mostravam tão solícitas e respeitosas, perguntando se eu estava bem, sem ao menos saber da contaminação. Contei com todo o apoio de meus coordenadores, orientação e parceiras de série. Agradeço cada palavra de carinho e compreensão. Com muita fé em Deus, vencemos!

Por fim, não sei quando tudo isso passará, mas acredito que nos transformamos não só como profissionais, mas como seres humanos. Agradeço por estar acompanhando o desenvolvimento dos bebês. “Dei a primeira papinha, vi os primeiros ensaios para engatinhar, o primeiro dentinho, enfim, estou sendo MÃE!”.

Em uma louca metamorfose, repleta de desafios, medos, críticas e elogios, a transformação fez-se necessária. Como lição, um enriquecido aprendizado para a vida com inúmeras descobertas!