Por Renilda Pereira (professora de Formação Espiritual, Pessoal e Social EFI)

 

Ao iniciar a aula com uma das turmas do 2.º ano do Ensino Fundamental I fiz a seguinte pergunta: Quem consegue lembrar sobre o que falamos na aula da semana passada? Rapidamente as crianças responderam: “falamos sobre o mundo que queremos e o mundo que não queremos.” As crianças estavam empolgadas e uma delas disse: “O meu grande sonho para o mundo é que não exista o mal, que as pessoas façam o bem, e aquelas que fazem o mal possam pensar melhor e mudar”.

Eu senti que tinha algo de muito profundo naquele sonho. Fiquei feliz! Rapidamente outras crianças se manifestaram e começaram a dizer o que achavam sobre isso. E foram várias as ideias. Sabe aquela energia boa que as crianças conseguem produzir e que logo perpassa os nossos corações? Foi exatamente isso que aconteceu. A temática se encaixava perfeitamente naquilo que eu havia preparado para a aula. Eu não precisei interferir. Fiquei ali para o que precisasse, escutando e contemplando, pois o “conteúdo” já estava escrito dentro deles/as. E repetia para mim mesma: é isso!

Discordavam e concordavam nas ideias, porém de forma elegante e respeitosa, dando a vez para cada um se expressar sem ferir ou ofender os colegas. E sabem qual era a grande questão e preocupação de todos eles nessa conversa? Simplesmente encontrar caminhos para fazer um mundo melhor. Mais uma vez, emocionada como estou agora ao escrever essa experiência, eu repeti para mim mesma: é isso!

Emociona ver que num mundo onde nos deparamos com tantas desigualdades, crianças de 7 anos estejam empenhadas em pensar num mundo melhor para todos. Isso faz acreditar que um mundo mais bonito e mais saudável em todos os sentidos é possível.  Assim, ao retomar a palavra para falar com a turma, eu disse: fiquei aqui em silêncio vendo e escutando vocês e aprendi muito com tudo que falaram. Obrigada!

De fato, aquelas crianças renovaram a minha certeza de que toda semente plantada com amor e dedicação pode gerar vida. Essas crianças, não só farão a diferença no futuro, mas já fazem no aqui e agora com o seu jeito de pensar e se expressar, com o seu desejo de justiça, de vida e de mais amor a seu modo, de acordo com o que está ao alcance de cada.

Para mim, trabalhar a Formação Espiritual com esses “pequenos grandes Dons” é um privilégio. E isso se estende a todas as turmas com as quais trabalho dos 2.ºs e 3.ºs anos. Faz parte da pedagogia inaciana formar pessoas criativas, competentes, conscientes e comprometidas na compaixão. A educação tem esse grande poder de transformação. Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ensina a desenvolver em nós uma visão positiva sobre o mundo e tudo que foi criado. É lindo ver nas nossas crianças isso se concretizando. Tirar o melhor de si para ser melhor para os demais.

Ser Professor/a não é simplesmente um trabalho, mas uma missão da qual me orgulho em realizar. Registrei essa experiência motivadora e quis partilhar, pois acredito que coisas boas devem ser compartilhadas entre nós. Essa aula aconteceu no dia 15 de outubro, dia dos Professores.