As máscaras diárias
Por Cláudia Maria Cyrineu Terra (professora de Língua Portuguesa – Ensino Fundamental II e Médio)
Quarentena, palavra que define os exatos 446 arquivos de muita imaginação – Power Point gravado ou não, Podcast, Padlet, Forms, Canva, Webinar, entre tantas outras magníficas ferramentas – que me levaram ao sobressalto por uns instantes ao fazer backup de meu trabalho! Além dos incontáveis Chats diários… E assim me veio a vontade de me sentar e de compartilhar sobre as sensações e os desafios enfrentados nestes tantos e tantos e tantos dias (nem sei quantos!), olhando para uma tela de computador e ouvindo vozes; sim, pois os jovens e as jovens ficaram em suas máscaras de uma fotografia, de suas iniciais ou de alguma imagem engraçada. E eu? Ah, como foi difícil me adaptar com o meu espelho diário nas videoconferências, desmascarada. No início, uma preocupação invadiu a minha mente, me tornaria um sticker ou um meme ou um tik tok ou todos nas redes sociais? Dias foram se passando e nada disso mais tinha importância, já estava absorta e animada em ser uma nova professora com muitas pedras no caminho, como poetizou Drummond “Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra”.
Fato é que a Escola mudou tanto quanto as minhas emoções e preocupações como figurinha do Teams, ferramenta usada para as aulas a distância. Pude perceber, com os sentidos mais aguçados a cada dia, já que não havia o contato visual, um tom de voz acolhedor, investigador, preocupado, tristonho, alegre, inseguro, carinhoso, brincalhão, espertinho e até sussurrado. Isso, por incrível que pareça, me aproximou desses adolescentes, uma vez que os senti sem máscaras, um eu verdadeiro, como somos na essência. E o mais magnífico, a confirmação de que cada um deles e delas é uma pedra preciosa, única.
Com as férias chegando – ufa!, sinto que as máscaras diárias e suas vozes foram meu combustível para acreditar que, citando Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena!” e Florbela Espanca “Ó mulher, como és fraca e como és forte!”. Ser docente é o que me move e o que dá sentido à minha vida, e que venham outras “pedras no meio do caminho”, e virão!