Processo criativo e ensino no distanciamento
Por Tatiana Schmidt (professora de Língua Inglesa – Educação Infantil e Ensino Fundamental I)
Em 2018, escrevi uma monografia para a minha especialização em Arte na Educação intitulada “O despertar do processo de criação: a experiência poética de um artista performer dentro de sala de aula”. Na época, investigava de que maneira a minha experiência como artista performer poderia se tornar uma experiência pedagógica no ensino de artes visuais, ou seja, como o processo criativo, a pesquisa, a experiência artística e a versatilidade vividas na performance poderiam ser transpostas para o ambiente escolar. O trabalho estava muito centrado na formação de professores, numa reflexão sobre o espaço escolar e na própria linguagem da performance, tudo inserido no contexto de ensino de artes visuais. Graças ao fato de também dar aulas de língua inglesa, percebi que este trabalho era muito maior e abrangia toda a comunidade escolar.
A inspiração na performance está relacionada a uma experiência artística pessoal em que percebi que todas as linguagens artísticas poderiam coexistir: dança, teatro, artes visuais, poesia, música e tantas outras manifestações artísticas e culturais. Além disso, a realização artística diante do público, este momento único de construção de significados, fez com que esta linguagem ganhasse sentido no trabalho como professora. Mas como isso se relaciona com a escola?
Em meu trabalho como professora de inglês, já explorava a experiência artística como meio para o aprendizado de um idioma. No entanto, em tempos de confinamento, percebo que essas possibilidades cresceram potencialmente. A casa é sala de aula, estúdio, laboratório, centro de pesquisa e lar. As atividades propostas podem ser realizadas com todos os materiais que temos neste espaço! Aqui, a experimentação ganha vida e imprevistos se tornam novos caminhos. E o que dizer do tempo? O tempo ganha novas leituras e significados. O aprendizado acontece a partir de processos criativos, assim como uma obra de arte. Todos os envolvidos, professores, alunos e família são convocados a experimentar!
E o professor, que neste momento se reinventa e traz consigo suas experiências e processos criativos pessoais e os transforma em potência pedagógica, chamo aqui de professor performer. Fantástico perceber que esse professor performer não existe apenas dentro do contexto artístico. Ele está em cada um de nós que explorou sua própria individualidade e potencialidade, que expandiu seu trabalho para além das bordas de sua disciplina, que colocou arte, vida e educação como partes integrantes de seu trabalho.
Que o distanciamento traga novos olhares para a nossa arte. Ela é uma grande performance!