O ensino da matemática na quarentena: desafios e experiências
Por Denys Seidi Arakaki (professor de Matemática – Ensino Médio)
Em doze de março, com o apoio da Joana Abbiatti, coordenadora da área de Matemática, iniciamos as ideias para a criação de atividades e aulas a distância.
No dia seguinte, minha primeira ideia foi elaborar uma videoaula envolvendo o gravador de tela do meu celular e o escopo da aula em PDF ou PPT. A maior dificuldade para elaboração dessa atividade foi o tamanho da tela do celular, que era muito pequena para escrever ou resolver exercícios mais sofisticados. Outro problema também foi o tamanho do arquivo (MP4) final da videoaula que, em alta qualidade, ficava muito grande e demorava muito para carregar na plataforma Microsoft Teams.
Segunda-feira, dia dezesseis de março, os alunos do Ensino Médio foram ao colégio fazer a prova e depois foram dispensados. Imediatamente, comecei a elaborar o roteiro das aulas EAD e das aulas remotas tentando simular, ao máximo possível, o estilo presencial. A ideia era preparar as seis aulas da semana baseadas no seguinte esquema: teoria na “lousa”, explicação da teoria em videoaulas, lista de exercícios com resolução comentada e esclarecimento de dúvidas e/ou correção por videoconferência ou chat da plataforma Microsoft Teams. Por semana, foram postados, em média, dez arquivos com videoaulas em MP4, roteiro de estudos, registros em lousa, listas de exercícios, resoluções e atividades avaliadas (AV1) em PDF. Para os alunos da terceira série do Ensino Médio, também postava uma lista extra com questões e resoluções dos principais vestibulares para treinarem.
A cada duas aulas, os alunos tinham que enviar fotos de seus registros e exercícios via “Tarefas”. Após o envio, eu analisava e comentava todas as atividades. Este esquema era, ou melhor é, extremamente exaustivo pela quantidade de materiais a serem confeccionados e atividades a serem “vistadas”. No entanto, eu não gostaria de simplesmente preparar uma aula no estilo apresentação no Powerpoint ou Prezi e muito menos compartilhar a tela com o livro digital e fazer a aula lendo e explicando os exemplos resolvidos do livro.
Minha preocupação sempre esteve concentrada na qualidade da aula e não gostaria que os alunos fossem prejudicados. Sabe-se que a matemática se aprende praticando e que a resolução passo a passo dos exercícios é essencial para o desenvolvimento do raciocínio, então eu precisava encontrar um jeito de conseguir resolver passo a passo e em tempo real os exercícios propostos. Com os recursos que eu tinha aqui em casa, comecei a pesquisar um jeito de conseguir isso. Uma das maneiras que encontrei foi compartilhar a tela com o Paint ou o Word e tentar resolver os exercícios com os alunos, mas era inviável, pois o assunto que estávamos trabalhando (Geometria Analítica) exigia além desses dois programas.
Após muita pesquisa na internet, surgiu a ideia de utilizar o meu celular e a “canetinha Spen” como uma espécie de mesa digitalizadora. Com isso, baixei um aplicativo chamado AirDroid, que compartilha a tela do meu celular no notebook e aí foi possível resolver e/ou tirar dúvidas dos alunos com maior precisão e de forma mais detalhada. O grande problema do Airdroid era, em caso de ligação ou notificação de mensagens, todos os alunos poderiam ver a tela do meu celular.
Coincidentemente, na mesma semana, a Joana informou aos professores que o colégio enviaria uma mesa digitalizadora mediante solicitação e, em poucos dias, o produto chegou aqui na minha residência. Tal acessório ajudou exponencialmente nosso trabalho, principalmente nas resoluções detalhadas de exercícios. Com essa questão solucionada, faltava encontrar um bom programa simulador de lousa branca para usufruir da mesa digitalizadora. Havia várias opções como os conhecidos Paint, Word, Powerpoint ou Onenote, mas a que mais gostei foi a IPEVO Annotator, que possibilitava a escrita na tela, além das opções de canetas e ferramentas matemáticas.
Com as videoconferências bem estruturadas, passei a me preocupar com a qualidade das videoaulas e comecei a pesquisar diferentes programas de edições de vídeos. Foi então que baixei o Camtasia e comecei a editar todos os vídeos por esse programa, em que é possível acrescentar vários efeitos úteis para uma aula e cortar partes do vídeo, encurtando-o e deixando menos cansativo para os alunos. Com o tempo, fui ganhando mais familiaridade e experiência com o Camtasia e aprendi a usar o efeito “chroma key” que altera o fundo da tela deixando a videoaula mais profissional. Para isso, era necessário um fundo verde, de preferência uma parede pintada de verde; na falta dessa opção, usei como “quebra um galho”, uma toalha (de mesa) comprida azul, colada na parede e, para minha surpresa, funcionou.
Depois de um tempo utilizando este recurso, decidi inovar e gravar videoaulas com animações. Seria uma forma de diversificar e uma tentativa de os alunos não enjoarem das aulas, visto que todos nós estávamos psicologicamente e fisicamente cansados. Assistindo a vários tutoriais no Youtube, aprendi a usar o programa Videoscribe, que trazia uns efeitos de “mãozinha escrevendo”, entre outras ferramentas.
O problema do Videoscribe é que eu levava cerca de três horas para fazer uma videoaula de 10 minutos, enquanto que, com o Camtasia, demorava em média uma ou duas horas. Por isso, não tenho uma grande quantidade de videoaulas nesse formato, pois, muitas vezes, não sobrava tempo para editar e gravar nesse programa.
Além de toda a minha preocupação com as aulas, ainda precisava pensar nas atividades avaliativas. Uma delas, foi preparada no Microsoft Forms graças aos treinamentos que recebemos do Departamento de Tecnologia educacional, via Sérgio, e outras com a ajuda da Joana, que sempre esteve presente e disposta a opinar, sugerir e criar as atividades em conjunto.
Outro fato importante que preciso destacar nesse período de quarentena, foi a parceria com a professora Daniela, também de Matemática. Na segunda série do Ensino Médio, há um trabalho que julgo ser bem interessante de dupla docência. Estamos sempre nos comunicando para preparar as aulas e as atividades da semana. Todas as aulas iniciamos a videoconferência juntos, em que cada um resolve um exercício diferente utilizando a mesma “lousa”, tela branca compartilhada chamada Mircosoft Whiteboard (outro ótimo programa para a utilização da mesa digitalizadora). Uma plataforma lúdica de jogos que aprendi a utilizar com a professora Daniela foi o Quizziz e já fizemos duas atividades nela, uma envolvendo trigonometria e outra matrizes.
Em suma, todos nós, professores e alunos, tivemos que nos adaptar, foi uma mudança e tanto, mas estamos fazendo acontecer e posso concluir que a quarentena me fez repensar e me reinventar. O estímulo que tive em aprender sobre tecnologias educacionais me faz acreditar que realmente é possível ensinar e aprender remotamente, mas para isso precisamos trabalhar em sintonia.
Muito bom, Denys!
Excelente!
Mui bom adorei sua criatividade e desempenho parabéns Professor Denis
A pandemia incentivou todos a se adaptarem e aprenderem novas ferramentas. Seu empenho em melhorar a experiência do aluno com certeza faz a diferença no aprendizado deles. Parabéns professor!
Parabéns Denys!!
Precisamos de mais profissionais assim em todas as áreas!! O seu esforço e empenho em pesquisar e aprender novas ferramentas de trabalho buscando sempre melhorar a qualidade de ensino é impressionante!!
Meus parabéns!!